quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ganha um prêmio quem disser como se escreve "criptonita" em alemão

Este post é em homenagem ao Betinho, grande amigo. Passeando num domingo de manhã em Düsseldorf, dei de cara com esta vitrine de uma loja de quadrinhos:


Como sei que o sonho do Betinho é ser o Superman, tirei essas fotos.

Betinho, pro alto e avante!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sankt Martin

No dia 10 de novembro, eu faria uma viagem, mas minha carona furou e eu tive de voltar para casa. Por um lado foi bom, pois pude acompanhar um pouco da tradição de Sankt Martin. O dia dessa festa tradicional na Alemanha é na verdade dia 11 de novembro, mas na véspera as crianças saem às ruas com lanternas, batendo de casa em casa. Elas cantam canções temáticas e depois, o mais importante para crianças, ganham doces.

Veja como foi na prática:

domingo, 23 de novembro de 2008

Na sexta, a primeira!

Nunca imaginei que minha primeira vez fosse acontecer logo na Alemanha. Mas primeiras vezes não têm hora nem lugar para acontecer.

Hoje acordei com ela e foi maravilhoso. Uma sensação estranha, começando com um frio aos poucos transformado em torpor. Começou na barriga e se espalhou prazerosamente pelo corpo. Sim, a primeira vez. A primeira vez com ela. Não tem como segurar a alegria. O dia fica lindo, o céu vem ao meu encontro. Sou um novo homem agora, pois eu a vi, branca em sua nudez.

Ivo viu a uva. Rubem Braga viu a viúva. Eu, parodiando Braga, vi a neve.

Comecei a ver a neve anteontem, sexta-feira, 21 de novembro de 2008, durante a correria da mudança para a nova casa. Eu esperava na oficina mecânica o conserto da caminhoneta de transporte. Enquanto bebia café, eu lia uma revista de fofocas para aprender palavras novas em alemão. Levantei a cabeça e vi os flocos de neve caindo lá fora.

- Neve! - eu disse, faceiro.

(Mentira, na verdade eu disse: "Schnee!")

Klaudia, funcionária do consultório da Christine, estava lá comigo. Perguntei-lhe se logo eu veria tudo branco, que nem nos filmes. Ela disse que não, as ruas ainda estavam quentes, a neve logo derreteria. Talvez em janeiro ou fevereiro, no auge do inverno, ela disse.

Então, eis que ontem de manhã fui acordado por três meninos gritando: "Augusto, Augusto, acorda! Supresa!" E a surpresa foi abrir a janela. Eis o que vi:




Havia nevado a noite inteira. Tudo branquinho, branquinho. Branquinho da Silva. Da Silva Hoffmeister.

Não tive muito tempo para me maravilhar, pois havia bastante trabalho pela frente. Além do mais, foi a primeira vez que eu vi a neve, a primeira vez também que a neve me viu, mas ela já tinha visto muita gente antes. Realmente, a neve não é bem-vinda, principalmente quando se está de mudança. As ruas tornam-se escorregadias, tudo fica úmido e as pessoas não gostam de levar boladas de neve na cabeça. Em todo caso, depois de descer todos os móveis do meu quarto, que fica(va) no segundo andar da casa, achei um tempo para descansar e tomar um café com Mawil, sobrinho da Christine que estava me ajudando. Pela janela, víamos o campo embranquiçado. Iládio, Benedito e Saboor construíam lá fora (por que se fosse dentro de casa haveria briga) um boneco de neve.

O dia passou, como sempre passa. A neve não parou de cair, contrariando assim as expectativas de todos. Menos a minha; nunca antes havia visto neve na minha vida, agora queria ver bastante. No intervalo entre uma tarefa e outra, eu parava no beiral da nova casa e olhava os flocos caindo. Em outros momentos, eu escrevia uma frase na neve, em alemão, ou então jogava uma bola no Mawil.

Sei que ainda verei muita neve por aqui, mas a primeira vez a gente não esquece.

Minha primeira neve, não te esquecerei jamais!

Derreta em paz.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Os colonos em Colônia

No dia 24 de outubro, sexta-feira, viajei a Köln, também conhecida como Cologna ou Colônia. Comecei a viagem já com o pé esquerdo, como todas as viagens que tenho feito aqui até agora: eu comprara a passagem algumas semanas antes com o objetivo de encontrar uma jornalista em Düsseldorf, ali pertinho. Na véspera, porém, ela me escreveu um email. O encontro estava cancelado, porque ela precisava viajar para o Brasil com o governador. Imagina se a jornalista deixaria de ir por causa de um jovem brasileiro à toa na Alemanha que queria conhecer a instituição onde ela trabalha...

Decidi viajar de qualquer jeito, até porque não tinha como trocar a passagem. Desembarquei em Köln, tremendo de medo de um fiscal me parar (eu de fato teria de descer em Düsseldorf, uma estação antes). Deu tudo certo. E, para minha surpresa, mal saí da estação central de Köln, dei de cara com esta maravilha:


Essa igreja milenar (não lembro exatamente o quão milenar ela é) chama-se Dom. É linda e enorme. Fora isso, para quem não parou para ler as placas e tem pouca formação teológica e/ou arquitetônica, Dom é igual a outras igrejas que têm por aí, com o acréscimo de ser perfeita para uma foto estilo turista brasileiro na Europa.


Caminhando ao léu, fui parar em alguns pontos turísticos da cidade. Não vou citá-los, porque é muito chato sem fotos. Só posso dizer que depois de cinco horas caminhando com uma baita mochila nas costas, sozinho, pensando em dinheiro (no pouco que tinha à disposição e nos vários gastos que estavam por vir) me deparei com um daqueles momentos tão comuns de fadiga e estresse em viagens que não aparecem nas fotos. Para compensar, decidi gastar comendo uma pizza. É assim, quando me estresso, agrado primeiro o estômago, que distribui o contentamento aos poucos pro resto do corpo.

Estava nessas, quando o João me ligou. O João estuda engenharia elétrica na UFSM. Participamos juntos do PET (Programa de Ensino Tutorial), do Mec, e com freqüência nos víamos, embora nunca tivéssemos conversado, acho. Ele está aqui na Alemanha fazendo intercâmbio profissional. Combinamos essa viagem juntos, de parceria. Eu ainda tinha dúvida se ele chegaria na sexta mesmo ou no sábado, então foi realmente uma ótima surpresa a ligação dele.

Para iniciar os trabalhos, bebemos uma cerveja. João tinha uma cachaça mineira na mochila, o plano era virar a noite dormindo na estação de trem, economizando em pouso. Ligamos para o Tim, um alemão de 18 anos que havia feito intercâmbio em Santa Maria, RS. Ele apareceu com um amigo. Ambos muito atenciosos, nos levaram para conhecer a cidade. Os dois podiam ser guias turísticos, sabem muitas coisas sobre a história de Köln.

Paramos num bar, bebemos um pouco (eu e o João, pois Tim e o amigo não bebem) e voltamos a caminhar. A dupla de brasileiros aqui sempre com a mochila nas costas. Resultado: às 2 horas da manhã, estávamos tão cansados, mas tão cansados, que não tivemos outra solução senão pernoitar num albergue. Ok, sem problemas, às vezes tem-se de gastar um pouco, dormir até meio-dia para recuperar o corpo. Que nada! Às 9h e meia todos tinham de fazer check-out, sem exceção. Ou seja, pagamos uma diária inteira para dormir cerca de seis horas, se chegou a tanto.

Até aí a viagem estava realmente uma Scheisse (melhor dizer em alemão, para não ofender)! Mas então veio o sábado e as coisas começaram a melhorar. Primeiro, o povo do albergue deixou que guardássemos nossas mochilas lá durante o dia, o que já aliviava a dor nas costas. Depois, chegando no Museu do Chocolate, aceitaram tanto a carteirinha de estudante do João quanto a minha de Aupair, então tivemos desconto.

No Schokolademuseum, fiz alguns vídeos:










Seguimos caminhando. Ensinei ao João que quando se vê uma bifurcação na Alemanha, tem-se de pegar o caminho menos provável de levar a um lugar legal. Logo provamos minha teoria. Fomos parar no centro velho da cidade, talvez o único ponto turístico que não tínhamos passado ainda.


Na rua, reencontramos a Kelly, brasileira que agora mora na Suíça. Digo reencontramos porque ela nos parou na rua no dia anterior, ao escutar o familiar idioma natal, somado a uns "tchês" e "bahs" aqui e acolá.


"O tempo passa. E onde o tempo tem passado, intala-se o passado." Pois o tempo foi passando, que nem no texto da HQ "Transmutações Políticas". No fim do dia, já cansados, decidimos visitar a universidade. Nova maré de azar. Era noite, estava tudo fechado. Dessa vez, porém, era tudo ou nada em questão de grana. Havíamos decidido passar a noite na estação de trem, não pagaríamos de jeito nenhum para dormir num albergue. Nesse dia tomaríamos o primeiro de muitos goles da cachaça, para agüentar o tirão. Era cedo, porém, e estávamos cansados, sem destino e sem motivação.

Foi então que fez-se luz.

Passando numa rua deserta qualquer em direção aonde ouvesse pessoas e festas, cruzamos na frente dum quiosquezinho. Eu pensei: por que não entrar e ver quanto custa a cerveja? Estávamos perto da universidade e, por mais que os estudantes na Alemanha não devam (suposição minha) ser tão miseráveis quanto os estudantes brasileiros somos, botecos universitários são universalmente mais baratos. Eu estava com razão. Um euro por uma cerveja de 600ml! Um euro! Não tenho como explicar o que representou o achado na nossa motivação. Até então, era 1,40 por uma cervejinha pequena, mixuruca. Agora um mundo de possibilidades se abria à nossa frente. Começou nossa maré de sorte.

Sentamos numa mureta, bebendo e conversando, recuperando as energias e se animando pra noite. A dona do quiosque se solidarizou conosco e veio nos trazer sanduíches. Seguimos adiante rumo às luzes boêmias. Conversávamos com as pessoas nas ruas, contentes por poder (tentar) fazer isso em alemão. Enfim, tínhamos o mundo aos nossos pés!

Ao fim de uma série de andanças, fomos parar neste lugar:



Depois de um certo tempo lá, bateu novamente o cansaço. A noite anterior mal(e pouco)-dormida, o dia inteiro de caminhada e o desânimo prévio bateram pesado. Antes de ir para a estação tentar a sorte com a cachaça, decidimos parar para comer um Döner, uma comida turca bem conhecida, que cumpre por aqui a função do xis e do cachorro quente na saída das festas. Achamos um lugar que vendia por dois euros, metade do preço que estávamos pagando até então. Desconfiados, perguntamos o preço de novo. Era verdade. Desconfiamos da qualidade, mas depois vimos que era bem bom. Realmente, estávamos agora com sorte.

Enquanto comíamos Döner, puxamos assunto com duas alemoas: Tina (que fala um pouco de espanhol, pois estivera na Bolívia) e Janette. Seguimos juntos, o quarteto idiomático. Logo encontramos uma porção de amigos delas, ao ponto de, em certa esquina, estarmos todos numa verdadeira torre de Babel: espanhol, português, inglês, alemão. Quando o pessoal quer se entender, dá-se um jeito!

Depois disso, fomos parar numa série de bares verdadeiramente nativos (com isso quero dizer: "sem glamour, mas autênticos, legítimos DCEs e Macondos de Colônia"), dos quais não me lembro muito bem. Ganhamos uma hora a mais porque começava o horário de inverno naquela noite. No fim, por sorte (estávamos merecendo), paramos num bar com um belo sofá, excelente para dormir. Como a festa durava até oito horas da manhã, tivemos um tempo para recuperar um pouco as energias, apesar de um bêbado que outro bem malas que vinham nos acordar para puxar papo.

Ao fim da maratona, estávamos com esta cara:


Ainda encontramos, perto das oito horas da manhã, um homem na rua muito estranho. Paramos para pedir-lhe informação, ele veio com uns papos muito loucos, que nem vale a pena tentar traduzir. Apenas eu e o João nos olhamos, como quem diz: "cada tipo que aparece!" São dessas coisas que acontecem e não têm explicação.

Depois nos despedimos, eu e o João, e fomos, mortos de cansados, de volta aos respectivos lares. Eu voltei para Haselünne, onde encontrei minha família anfitriã de volta de Paris, onde passaram um dia em função dum trabalho de escola do Iládio sobre a França. Dormi doze horas ininterruptas. O João voltou para Bocholt, onde faz estágio numa Fachschule. Dormiu quinze horas.

A vida, por si, voltou à rotina com o chegar da segunda-feira. Da viagem à Köln, ficaram agora apenas estas fotos e as lembranças esparsas.


É isso.

sábado, 8 de novembro de 2008

É vero, é veríssimo!

Acabo de sair dum bazar aqui em Haselünne. Olha o livro que achei por lá:



Diz na lombada do livro: "Die Zeit und der Wind", Erico Verissimo. Para quem disser direitinho o nome traduzido, compro e dou de presente. Claro, se você arcar com os custos de frete...

Aliás, estou à procura de uma alternativa para enviar livros para o Brasil. Posso enviar até vinte quilos pagando 80 euros. Acontece que livro é pesado, eu precisaria pagar muitas vezes esse valor para enviar todos os trinta que já comprei. Alguém tem uma saída? Será que é muito caro extrapolar o peso permitido na bagagem quando eu voar de volta para o Brasil?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lübeck Extra Turbo

Com o patrocínio exclusivo de Família Hoffmeister - Crianças Felizes na Alemanha, fui no meio de outubro conhecer a cidade de Lübeck, perto do Mar do Leste. A viagem começou no dia 17 bem cedo, com a comemoração do aniversário de cinco anos de quando a Christine e as crianças se conheceram. (Não lembra da história? Clique aqui!)


Lindo o bolo sobre a mesa, não? Alguns minutos depois, ele caía dentro do carro, quando Iládio o passava para mim... No meio do caminho entre eu e ele, portanto. Sorte a nossa, pois livrou os dois da culpa!

Lambança limpa, seguimos viagem. Fomos parar na casa de amigos da Christine, muito simpáticos. Mas antes de apresentá-los, preciso mostrar que amor de meninos são o Iládio e o Benedito:


O Saboor, 7 anos de idade, se sentiu o máximo, não sendo o caçula da casa. Pegou no colo o Titus, um lindo bebezinho alemão.


Agora, o time inteiro!


Sentados (da esquerda para a direita): eu, Kay, Kirsten, Iládio e Christine.
Sentados no colo, faceiros, porque ainda não são pesados: Saboor, Titus e Benedito.
Deitado no sofá, com dor de barriga: Mattis.
Agachados: ninguém.

Bem, agora fotos de Lübeck, que visitamos no dia seguinte:


Acredite se quiser (se não quiser, não tem problema: não é tão importante assim!), os bonecos da última foto são todos feitos com Marsipan, uma massa para fazer bolo bem conhecida por aqui. Os peitões da manequim também.

Massa, não?


Pernoitamos num albergue e, no outro dia, fomos conhecer o Mar do Leste.


É isso.

Você ainda não está com inveja? Droga! E eu fazendo de tudo para dar um ar de turista chique na Europa...

Bem, melhor aguardar o próximo post, com relatos da viagem à Köln...