quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A viagem, que quase não aconteceu

Este blog começa pelo começo: a viagem.

(Ou talvez esse já seja o meio, e o começo tenha sido minha decisão de fazer intercâmbio. De qualquer forma, não lembro bem desse momento. Quando vi, já estava aqui.)

Enfim, vôos de avião são só vôos de avião. Mas quando se está viajando pela primeira vez para um lugar que fica há mais de 8 mil quilômetros da sua casa, e quando se pretende ficar lá por um ano, tudo adquire outro sabor. Além disso, essa parte da viagem me reservou momentos a mais de adrenalina. Já chego lá.

Embarquei no dia 5 de agosto de 2008, terça-feira, 10h10 da manhã, no aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, RS, Brasil. Depois de uma semana de despedidas de amigos e família, e depois de algumas horas de choro e mais despedida no aeroporto, entrei na sala de embarque. A partir daí, estava sozinho. Eu por mim mesmo.

Voei até o aeroporto de Guarulhos, SP. Um vôo doméstico, normal. Fiz este pequeno vídeo quando estava no ar. Acho que registra bem a sensação de voar de avião.




Desembarquei em São Paulo, peguei minha bagagem, fiz meu check-in na empresa Alitália e fui tomar um cafézinho. Minutos depois, caminhei até a sala de embarque. O funcionário que controla a entrada olhou minha passagem com cara estranha, mas antes de eu perguntar qualquer coisa, disse pra eu ir adiante. Não dei muita importância ao caso. Sentei próximo ao meu portão, fiquei lendo um livro. Passava o tempo. Nenhuma movimentação de funcionários no local de embarque.

Levantei e fui escovar os dentes. Lá aconteceu comigo aquilo que tanto medo dá em quem viaja de avião: me chamaram no autofalante. Isso já tinha acontecido comigo uma vez, em Porto Alegre, mas era um problema bobo, um documento que esqueceram de me entregar. Agora, porém, faltava apenas meia hora pro horário previsto do vôo. Com certeza, tratava-se de algo sério.

Fui rápido até o local em que me chamavam. O funcionário disse: “não é aqui não que o senhor tem de ir. Aqui é o embarque doméstico, o senhor tem de ir no internacional. Corre lá que senão o senhor vai perder seu vôo.”

Pronto, começou a correria. Saí da sala de embarque, subi um andar, entrei agora na porta certa. Quando cheguei, uns três funcionários me olharam feio e disseram: “Senhor Augusto? Tem 300 pessoas esperando só pelo senhor para decolar.” Um deles disse no walk-talk: “cancela o extorno de bagagem. O passageiro encontra-se na sala de embarque.”

Corri mais uns 200 metros. Rasos. No caminho, mais funcionários me diziam: “corre, senhor Augusto. O senhor vai perder o avião.”

Bem, o resto é mais simples de contar. Cheguei suado, sentei na minha poltrona e descansei. Ou tentei. A poltrona era terrível. Decidi ver um filme. Em poucos minutos, a tevê que havia na minha poltrona pifou. Falei com três aeromoças, elas diziam que dariam um jeito. Não deram. Onze horas de vôo e eu era o único no avião sem um filme pra me entreter.

À certa altura (de tempo e de distância do solo), uma senhora isralense, que mora no Brasil há tempos e fala português, puxou conversa comigo. Isso ajudou a passar o tempo, mas não muito. Só ela falava.

Cheguei na escala em Roma. Eis uma foto que tirei de dentro do aeroporto, para registrar o glamour de estar na Itália:



O glamour acabou em seguida: uma hora de fila na alfândega. Peguei um avião que lembrava um ônibus. Ao meu lado, um menino italiano lia A cidade do sol, de Khaled Hosseini. Devia ter uns 12 anos, o menino. Magro, trejeitos engraçados, miniatura de adulto, um esterótipo de garoto italiano. Pegou no sono e dormiu com a cabeça no meu ombro. Uma cena singela. Dez minutos depois, porém, eu praticamente não tinha mais meu assento. O menino me acotovelava, em meio ao sono, para conseguir mais espaço. Sorte que a aeromoça trouxe a comida.

É isso. Viajar de avião não traz nenhum glamour. Nem mesmo em viagem internacional.

Bem, minha chegada em Amsterdam eu conto em outro post.

6 comentários:

Paulo Roberto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Roberto disse...

Senhor Augusto!

A viagem proporcionou uma narrativa deliciosa.
Acompanharei, por aqui, toda a aventura.

Abraço grande.

Unknown disse...

ahahahahah Bem feito!! esse é o caminho do herói Augusto!! são os obstáculos né ahahahaah. Ahh gostei do areroporto de roma ehehe

abração

Gustavo H. Hennemann disse...

Mas que fiasquera. hauahauhuahu
Se eu fosse tu, dava uma mijada nos funcionários. Ora ficar tirando sarro dos à toa que se atrasam!!!
ahauhauhau

Abração

Unknown disse...

Gente que coisa doida!
É bem meu irmão mesmo!
Ah, se fosse eu já dava um pára-te-queto no italianinho...ora,amarrava ele na cadeira e bancava a terrorista!rsrsrsrsrsrs
Muitas felicidades!!!!
Coloca mais fotos!!!!!!
obs: como eu queria visitar aqueles museus...

t disse...

Eu sei bem o que é esperar pelo Senhor Augusto. Me compadeço das 300 pessoas que esperavam para decolar!

ah, Augusto, tu adora reclamar, né. ora falar mal de vôo internacional, vou te por naqueles ônibus que vão à Tupã pela estrada de chão, aí tu vai ver o que é glamour! heehe

estou ansiosa por novos relatos

beijooo