No meio da tarde de sábado, 21 de maio, estive no Ateliê Subterrânea, em Porto Alegre. Ali estava acontecendo a exposição da obra do alemão Peter Pumpler, que fez residência artística na capital gaúcha a convite do Goethe-Institut. Nesse dia, o artista encontrou-se com o público.
Eu não conhecia sua obra, por isso tive uma grata surpresa. Peter Pumpler tem um processo artístico diferenciado. Ele trabalha com tinta acrílica, que ele joga sobre a tela, deixa secar e depois tira. Em algumas obras, ele costuma esticar e dobrar essa tinta, criando assim uma mistura de pintura com escultura. Um exemplo:
O humor é constante em sua produção. O trabalho dele que mais gosto é o que segue abaixo. Em vez de estar no centro, como é o esperado, a tinta foi parar no canto da tela, por fora, como que timidamente escondida.
[Clique sobre a figura para enxergá-la ampliada.]
Há vezes em que Peter Pumpler usa, como fonte criativa, a madeira que dá suporte à tela. Trata-se de um processo instigante. Afinal, quando vemos uma pintura, focamos nossa atenção na peça artística, ou seja, na arte em si, e rotineiramente esquecemos que essa arte só é possível ao suporte em que ela é produzida e veiculada. Nesse sentido, a arte tem uma divída para com a tela, a madeira, o pano. Para com o "subjétil", como definiu Jacques Derrida referindo-se aos desenhos de Antonin Artaud. Por isso é curioso pensar que a arte é um cavalo de Tróia, que transcende o mundo das coisas terrenas usando a própria realidade física.
A semelhança entre Pumpler e Artaud (e, ao mesmo tempo, o que os diferencia de outros artistas) é que eles expõem propositalmente esse processo, quebrando assim a barreira automática e quase natural entre suporte e obra. É o que Derrida chama de "subverter o subjétil".
Outros trabalhos do Peter Pumpler você pode ver aqui. Para saber mais sobre sua obra, sua formação e sobre o programa de residência artística, cutuque aqui.
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