sábado, 11 de fevereiro de 2012

Uma pauta do barulho

O caminho que leva até uma pauta ser aprovada... Muitas vezes, é a própria via-crúcis.

Acho que foi lá por 2006, no último ano de faculdade em Santa Maria/RS, quando ouvi falar pela primeira vez em Música Eletroacústica, num encontro de um grupo de pesquisa que trouxe um convidado para falar sobre o tema. Na hora, já pensei: "que ótima pauta!" Depois disso, veio a formatura, o primeiro ano de mudança para Porto Alegre ralando em freela esparsos, os oito meses na Alemanha cuidando de crianças e o retorno à vida de freela em Porto Alegre. Se eu colocar no campo de busca do meu email a expressão "Música Eletroacústica", vão aparecer inúmeros emails que mandei para também inúmeros veículos oferecendo o tema como pauta em todo esse período. Na maioria das vezes, recebia um "não", o que já era melhor que não receber resposta.

Em outubro do ano passado, o tema voltou novamente à minha cabeça porque fiquei sabendo que seria inaugurado um espaço de Música Eletroacústica na UFRGS. Estive lá para conferir. Novamente, senti aquela empolgação que havia me contagiado ainda na faculdade. Sem muita esperança, comentei sobre esse evento com o editor da Revista da Cultura. Depois disso, deixei pra lá. Então, no final de dezembro, quando o mundo costuma parar para celebrações de Natal e Ano Novo, eis que recebo o glorioso email tendo como assunto as palavras que todo freelancer quer ler: "pauta aprovada".

O resultado foi publicado esta semana:


"Um maestro do barulho

Aos 80 anos, Frederico Richter é um dos pioneiros no Brasil da revolucionária Música Eletroacústica

por Augusto Paim

Na terça-feira, 4 de outubro de 2011, o pequeno João Vítor, de 8 anos, saiu mais cedo de casa em direção à escola. A aula começaria à tarde, mas às 12h30 ele já estava na Sala dos Sons, no segundo andar do prédio da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Sentou-se em uma cadeira e, a não ser pelas perninhas balançando, manteve-se em silêncio tranquilo pelos cerca de 50 minutos que durou a apresentação. A primeira música era do seu avô, que ficou de pé para receber os aplausos do público. Seguiram-se outras três. Uma delas imitava o barulho de animais imaginários, com ruídos de insetos metálicos e urros aquosos. O som era estranho e vinha de todas as direções – como se atravessasse seu corpo. Assustador. Mas não para o menino, que considerava tudo aquilo familiar. [...]"

[continue lendo].

Como complemento dessa reportagem, foi publicada no Cultura News uma entrevista, que eu fiz e traduzi, com um especialista alemão em Música Eletroacústica. Leia aqui.

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