Como sei que o sonho do Betinho é ser o Superman, tirei essas fotos.
Betinho, pro alto e avante!
No dia 10 de novembro, eu faria uma viagem, mas minha carona furou e eu tive de voltar para casa. Por um lado foi bom, pois pude acompanhar um pouco da tradição de Sankt Martin. O dia dessa festa tradicional na Alemanha é na verdade dia 11 de novembro, mas na véspera as crianças saem às ruas com lanternas, batendo de casa em casa. Elas cantam canções temáticas e depois, o mais importante para crianças, ganham doces.
Veja como foi na prática:
Havia nevado a noite inteira. Tudo branquinho, branquinho. Branquinho da Silva. Da Silva Hoffmeister.
Não tive muito tempo para me maravilhar, pois havia bastante trabalho pela frente. Além do mais, foi a primeira vez que eu vi a neve, a primeira vez também que a neve me viu, mas ela já tinha visto muita gente antes. Realmente, a neve não é bem-vinda, principalmente quando se está de mudança. As ruas tornam-se escorregadias, tudo fica úmido e as pessoas não gostam de levar boladas de neve na cabeça. Em todo caso, depois de descer todos os móveis do meu quarto, que fica(va) no segundo andar da casa, achei um tempo para descansar e tomar um café com Mawil, sobrinho da Christine que estava me ajudando. Pela janela, víamos o campo embranquiçado. Iládio, Benedito e Saboor construíam lá fora (por que se fosse dentro de casa haveria briga) um boneco de neve.
O dia passou, como sempre passa. A neve não parou de cair, contrariando assim as expectativas de todos. Menos a minha; nunca antes havia visto neve na minha vida, agora queria ver bastante. No intervalo entre uma tarefa e outra, eu parava no beiral da nova casa e olhava os flocos caindo. Em outros momentos, eu escrevia uma frase na neve, em alemão, ou então jogava uma bola no Mawil.
Sei que ainda verei muita neve por aqui, mas a primeira vez a gente não esquece.
Minha primeira neve, não te esquecerei jamais!
Derreta em paz.
No dia 24 de outubro, sexta-feira, viajei a Köln, também conhecida como Cologna ou Colônia. Comecei a viagem já com o pé esquerdo, como todas as viagens que tenho feito aqui até agora: eu comprara a passagem algumas semanas antes com o objetivo de encontrar uma jornalista em Düsseldorf, ali pertinho. Na véspera, porém, ela me escreveu um email. O encontro estava cancelado, porque ela precisava viajar para o Brasil com o governador. Imagina se a jornalista deixaria de ir por causa de um jovem brasileiro à toa na Alemanha que queria conhecer a instituição onde ela trabalha...
Decidi viajar de qualquer jeito, até porque não tinha como trocar a passagem. Desembarquei em Köln, tremendo de medo de um fiscal me parar (eu de fato teria de descer em Düsseldorf, uma estação antes). Deu tudo certo. E, para minha surpresa, mal saí da estação central de Köln, dei de cara com esta maravilha:
Essa igreja milenar (não lembro exatamente o quão milenar ela é) chama-se Dom. É linda e enorme. Fora isso, para quem não parou para ler as placas e tem pouca formação teológica e/ou arquitetônica, Dom é igual a outras igrejas que têm por aí, com o acréscimo de ser perfeita para uma foto estilo turista brasileiro na Europa.
Caminhando ao léu, fui parar em alguns pontos turísticos da cidade. Não vou citá-los, porque é muito chato sem fotos. Só posso dizer que depois de cinco horas caminhando com uma baita mochila nas costas, sozinho, pensando em dinheiro (no pouco que tinha à disposição e nos vários gastos que estavam por vir) me deparei com um daqueles momentos tão comuns de fadiga e estresse em viagens que não aparecem nas fotos. Para compensar, decidi gastar comendo uma pizza. É assim, quando me estresso, agrado primeiro o estômago, que distribui o contentamento aos poucos pro resto do corpo.
Estava nessas, quando o João me ligou. O João estuda engenharia elétrica na UFSM. Participamos juntos do PET (Programa de Ensino Tutorial), do Mec, e com freqüência nos víamos, embora nunca tivéssemos conversado, acho. Ele está aqui na Alemanha fazendo intercâmbio profissional. Combinamos essa viagem juntos, de parceria. Eu ainda tinha dúvida se ele chegaria na sexta mesmo ou no sábado, então foi realmente uma ótima surpresa a ligação dele.
Para iniciar os trabalhos, bebemos uma cerveja. João tinha uma cachaça mineira na mochila, o plano era virar a noite dormindo na estação de trem, economizando em pouso. Ligamos para o Tim, um alemão de 18 anos que havia feito intercâmbio em Santa Maria, RS. Ele apareceu com um amigo. Ambos muito atenciosos, nos levaram para conhecer a cidade. Os dois podiam ser guias turísticos, sabem muitas coisas sobre a história de Köln.
Paramos num bar, bebemos um pouco (eu e o João, pois Tim e o amigo não bebem) e voltamos a caminhar. A dupla de brasileiros aqui sempre com a mochila nas costas. Resultado: às 2 horas da manhã, estávamos tão cansados, mas tão cansados, que não tivemos outra solução senão pernoitar num albergue. Ok, sem problemas, às vezes tem-se de gastar um pouco, dormir até meio-dia para recuperar o corpo. Que nada! Às 9h e meia todos tinham de fazer check-out, sem exceção. Ou seja, pagamos uma diária inteira para dormir cerca de seis horas, se chegou a tanto.
Até aí a viagem estava realmente uma Scheisse (melhor dizer em alemão, para não ofender)! Mas então veio o sábado e as coisas começaram a melhorar. Primeiro, o povo do albergue deixou que guardássemos nossas mochilas lá durante o dia, o que já aliviava a dor nas costas. Depois, chegando no Museu do Chocolate, aceitaram tanto a carteirinha de estudante do João quanto a minha de Aupair, então tivemos desconto.
No Schokolademuseum, fiz alguns vídeos:
Seguimos caminhando. Ensinei ao João que quando se vê uma bifurcação na Alemanha, tem-se de pegar o caminho menos provável de levar a um lugar legal. Logo provamos minha teoria. Fomos parar no centro velho da cidade, talvez o único ponto turístico que não tínhamos passado ainda.