sábado, 20 de dezembro de 2008

Dia do dicionário

Este post é totalmente desinteressante. Parte mais duma necessidade minha de relatar duas situações inusitadas, embora sem graça nenhuma, do que realmente do fato de ter uma história boa para contar. Você realmente não precisa ler. Pare por aqui.

...

Bem, se você decidiu seguir adiante, a culpa é sua. Depois não venha reclamar que perdeu tempo lendo um post tão chato. Chato é você!

Enfim, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008, foi o dia do dicionário para mim, graças a duas coincidências, que já explico. Importante a dizer (embora não tão importante assim) é que vim para a Alemanha carregando dois dicionários bilíngües: um Alemão-Português e vice-versa, da editora Langenscheidt; e outro Inglês-Português e também vice-versa, da Larousse. A minha meta era lá por agosto do ano que vem, às vésperas da volta à terra natal, comprar um dicionário Duden de alemão. Outra meta, para mais tarde ainda, era comprar um dicionário de inglês. Digo "mais tarde ainda", porque comecei a fazer minhas primeiras leituras em inglês aqui na Alemanha, e o plano então era melhorar para valer o idioma a ponto de não precisar mais de um dicionário bilíngüe.

Planos, planos, planos. Basta uma série de surpresas para desmoronar qualquer planejamento. Quinta-feira, eu à toa depois do almoço, convidei o Benedito para ir na biblioteca comigo. Não tínhamos nenhum livro para devolver, a idéia era passear mesmo. O Benedito é parceiro para todas as indiadas e topou. Nesse momento, ele era um agente do destino e não sabia. Na porta da livraria, havia uma caixa com livros para quem quisesse pegar. Não sei porquê, a biblioteca estava farta deles, queria se desfazer. Entre os livros, achei o "Deutsches Wörterbuch für Schule und Beruf", ou seja, o Dicionário Alemão para Escola e Profissão. Não é nenhum Duden, mas tem 456 páginas e me parece ser bom. Ademais, de graça até injeção na testa. A aquisição inclusive me provocou uma onda de motivação, e comecei a ler As Aventuras de Tom Saywer, do Mark Twain, traduzidos para o alemão. Parecia que estava entendendo tudo. O que é o efeito psicológico...

Aí cheguei em casa e me apazigüei assistindo a um filme com as crianças. Lá pelas tantas, a Kláudia, funcionária da clínica e também agindo em nome do destino sem saber, me pediu para ir com ela na casa antiga olhar umas coisas no porão. Pois você sabe, desde novembro estamos de mudança aqui na Alemanha, e até dia 31 de dezembro, quando entregarmos a antiga casa para a proprietária, vai ser assim, um ir e vir entre as duas habitações. Então fui lá com a Kláudia, pois no outro dia ela ajudaria a Christine a trazer coisas do porão e queria medir o tamanho da encrenca. A cada quarto abarrotado de bugigangas que passávamos, ela dava um suspiro de desespero. Foi então que dei de cara com um dicionário Oxford no meio das tralhas, esperando por mim.

A casa nova que a Christine construiu deve ser um terço do tamanho da casa antiga, que era gigante. De modo que a Christine está com muita coisa que não cabe na nova moradia. Nesse processo de se desfazer, de perguntar "quem quer? quem quer?", estou sempre atento para levantar a mão. O dicionário esse me chamou a atenção. Também estou de olho num lp do show do Simon & Garfunkel no Central Park, presente ótimo para a mamãe (beijo, mãe!). O negócio é que peguei o dicionário. Chegando em casa, folheei-o e fiquei surpreso. São 1580 páginas! Alguns verbetes têm desenhos explicando nomes de detalhes de objetos. Algumas palavras eu não conheço nem em português. Não sei, por exemplo, como se chama a ponta da cauda de um escorpião. Em inglês, agora sei, é sting. A Kláudia olhou e falou que também não conhecia a maioria dessas palavras em alemão.

Foram duas coincidências agradáveis, iniciadas realmente por obra do acaso. Ou sei lá, a essas alturas já dá para se questionar se não tem uma entidade superior querendo me dar uma força. Uma força idiomática. Ou meu cérebro, extenuado do esforço investido no alemão, está procurando descanso ao usar as capacidades paranormais, liberando espaço no hd encefálico. De qualquer forma, estou com o quite completo. Os quatro dicionários! Não há palavra que me vença agora!

Um comentário:

Robertson Frizero disse...

A "ponta da cauda do escorpião" é o ferrão, caro amigo. Assim descobrirás que passei os anos 80 admirando uma banda chamada "A Polícia" cujo vocalista e líder era o Ferrão...

Essa estada na Alemanha está te trazendo coisas boas, não?

Um abração!