Depois de cinco horas de viagem, duas trocas de trem carregando um malão, somado a um tiro de 200 metros rasos na estação central de Berlin para pegar o trem para Trebbin já partindo, tudo isso em meio a um resfriado que me deixou com a sensação de ter uma bola de ar trancada na garganta, cheguei aonde queria chegar. Isso é, ao lar da Família Weitz, com quem vou morar (e trabalhar como Aupair) pelos próximos cinco meses.
Se eu achava que estava bom em Haselünne e poderia estar jogando tudo pro alto, aqui é ainda melhor. Veja, por exemplo, como é a "minha casa".
Digo "minha casa" porque essa cozinha, sala (duas fotos), banheiro e quarto que mostrei são realmente só para mim. Ficam no porão da casa, com entrada privativa.
Eu mereço tudo isso, não? Mesmo se você disser que nem tanto, eu sei que mereço. Eheheheheh.
Ontem à noite, quando cheguei, fui recepcionado pelos menininhos dizendo meu nome (os pais ensinaram). Depois jantamos e ficamos horas conversando sobre coisas realmente fundamentais. Dei sorte de achar uma família com valores muito semelhantes aos meus. Não tive vergonha de expor meus pensamentos mais viscerais.
Hoje acordei cedíssimo, tomei café com a família e juntos fizemos um passeio a pé. Olha quanta neve:
Agora, com vocês, a família Weitz (sei que vocês estão ansiosos para conhecê-los também):
Mario, o pai. Laura, a mãe. Leo, o pequeno. Karl, o "mais pequeno" ainda (em português, diria-se "menor").
Trata-se de um casal jovem, muito interessado nas minhas atividades jornalísticas e literárias e nas notícias (realísticas, não fantasiosas) que trago do Brasil. Ou seja, interessados no melhor que tenho a oferecer. E também com muita cultura e informação para a gente trocar, para eu aprender com eles. Laura está terminando a faculdade de economia. Mario é médico, trabalha num hospital em Berlin. Em 2006, ele foi recrutado para servir como soldado-médico no Afeganistão. Ficou lá por 2 meses. Ele toca violino e é muito interessado no sistema educacional da DDR (que, salvo as primeiras ressalvas nazistas, é realmente elogiável, pelo pouco que já aprendi conversando e vendo exemplos de livros). Os dois têm interesse especial por literatura, filosofia e religião.
Daqui a pouco virão alguns convidados, numa pequena festa que eles organizaram para me receber.
No mais, tudo indica que terei uma boa estada na Alemanha até agosto, quando obrigatoriamente terei que pegar meu vôo de volta à pátria amada. Claro que as coisas não vão ficar "Augusto no País das Maravilhas" para sempre, eu não me iludo. Mas que começou bem, não tem como negar.